segunda-feira, 5 de maio de 2014

Marejando

Há coisas que partem. Há coisas que permanecem. Há coisas que voltam.
Faz algum tempo que penso em voltar à tentativa de expor meus sentimentos em palavras digitadas e compartilhadas, mas faltava-me motivação. Talvez a pequena, e comum, crise existencial me concedeu um lapso de ânimo para criar (outro) blog.
Abandonei os antigos, pois o que era antigo em mim mudou. Mudou plenamente. Entretanto, algumas essências permanecem em nós. Readquiri o título de um antigo blog de minha adolescência, que diz muito sobre quem sou. Por mais que tente fugir, esse meu jeito confuso de ser e de enxergar a vida é algo que não posso abandonar. E o mar sempre me inspirará. O mar sempre me ensinará que as coisas nunca permanecem eternamente calmas e nem eternamente tempestuosas.
Estive tentando refletir sobre a vida, sobre meus desejos, meus objetivos, quem sou e o que quero e pretendo. Mas de um tempo pra cá, desde que comecei esse processo de mudança plena de pensamentos e consciência, evitei refletir por muito tempo. Talvez medo de descobrir verdades. Talvez medo de perder a simplicidade que tanto endeusava. A vida é simples, mas não de uma simplicidade indecente de não precisar raciocinar sobre ela.
Pensei nas minhas paixões, e por pensar nelas vejo o quanto amadureci (ou não) e estou diferente daquele menino ingênuo que se fazia de inocente e assustado com o mundo.
Sobre as antigas crenças, como a de um amor que faz tremer de nervoso, acelerar os batimentos cardíacos e que dá uma vontade besta de ficar desenhando corações no caderno, não existe mais. Não tenho mais que esperar amores eternos enquanto durem. Reflito sobre o que é o amor, o que são amores. Isso é ainda complexo demais para mim.
Realmente a vida não é tão simples não. É complexa.
Olhando para todas essas crises que afloram novamente em meu interior, me vem aquele desejo de fugir mais uma vez. E imagino. Imagino saídas. Imagino histórias paralelas, realidades distintas.
Às vezes só queria ser aquele menino sem preocupação alguma, além de um amor não correspondido ou de um amor inexistente, que toma chá num dia frio e chuvoso olhando pela janela e ouvindo música triste. Queria me preocupar só com esse amor inexistente.